sábado, 19 de agosto de 2017

Teresina - homenagem em dose dupla

Fonte: Google

Teresina verde, não te quero cinza!

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Nestes 165 anos da minha cidade, há pouco que se comemorar: belos, modernos e harmoniosos edifícios passam dos 20 andares. Recentes avenidas rasgadas e asfaltadas, recentes parques ambientais, enquanto a ambição imobiliária não devore o resto do verde. Entristece-me ver devastação da mata para implantação de condomínios de luxo, como as que acompanham a estrada para Altos.

         Decantada Cidade Verde, desde primórdios. Dias contados, porque milhares de hectares da exuberante selva já foram devastados, a partir da década de 1970. Os nascidos depois daquele período não se dão conta dos desastres ambientais promovidos por líderes sindicais e de esquerda, anônimos, cabos eleitorais. Protegidos pelo prefeito Wall Ferraz, comandaram greves e invasões de terras, arrasaram o cinturão verde da cidade, promovendo invasões, estimulando surgimento de favelas, gente de fora, inclusive delinquentes, votos eleitoreiros garantidos. Líderes, hoje aposentados ou exercendo mandatos e cargos públicos sem concurso, desfrutam rico patrimônio. Antes, comiam quentinhas; hoje, banqueteiam-se e pilotam carrões, de costas às questões sociais. Nenhum participa mais do programa sindical e trabalhador da Rádio Pioneira, início da manhã. Devastação florestal, norte a sul da capital, centenas de favelas, sob as bênçãos da Prefeitura. Depois, vilas e bairros, delinquência assaltando cidadãos.

          Jóquei dos belos e verdejantes sítios, raras residências, temperatura serrana à noite, foi  engolido pelos espigões de concreto. Em 1990, não se viam altos prédios nem condomínios de luxo. Hoje, centenas, comércio e vida noturna intensos.

A edênica e mesopotâmica Teresina de quarenta anos atrás, perdeu a candura verde, quanto Adão e Eva em busca das folhas de videira para tapar as vergonhas. A neblina matinal costumava aparecer, de maio e julho; pouco se vê hoje. A temperatura baixava de 20 graus, a partir das 8 da noite, no Bairro São João. Hoje, só alcançada na zona rural.

Cidade Verde, uma pinoia! Imagino reunisse no mesmo lugar todo o calor emanado das lâmpadas acesas, escapamentos dos carros, fogões a gás, telhados e cimentos escaldantes. Formariam        imensurável fogueira.

A Cidade Verde não aparece nos registros de órgãos internacionais. A empresa alemã Siemens e a revista britânica The Enonomist consideraram João Pessoa ”a mais verde do Brasil”, durante 18 anos: média de 54 árvores por habitante, mais de 7 km quadrados de floresta, 600 hectares de mata atlântica. João Pessoa perdeu esse posto, durante a ECO-92, para Curitiba, a mais verde entre outras 17 cidades da América Latina. Abaixo dessa média, São Paulo, Rio e Brasília. Antes da Eco-92, João pessoa só perdia, no mundo, para Paris. Porém minha Teresina verde entorpece com as cinzas das fruteiras nos quintais, florestas de cocais, tucuns, guabirabas, pequizeiros, pitombeiras, mangueiras, sapotizeiros, caneleiros e ipês. Macacos, veados, animais e aves silvestres fogem, famintos e sedentos, junto a riachos desaparecidos e rios contaminados. Falta espírito de sustentabilidade, mesmo cultivando verde no alto de prédios.


PARABÉNS TERESINA!

Carlos Henriques de Araújo
Poeta e escritor

Encravada na chapada do corisco, uma referência, não ao capanga de Lampião, mas aos relâmpagos e raios que nas noites de chuva, no final do inverno, riscam os céus com clarões de fogo que derrubam árvores, no seio desse estado querido, surge a mesopotâmia do agreste.

Do sonho de Conselheiro Saraiva, cresceu embalada pelas águas do Poti e do Parnaíba, acariciada pelo vento nordeste que depois das dez vem amenizar seu clima quente, consequência do abraço carinhoso do sol do equador.

Teresa Cristina, para os íntimos, Teresina. Seu nome traz a beleza de uma menina que, àquela época, dom Pedro previa um futuro promissor. A menina cresceu e com ela cresceram seus filhos: os teresinenses ilustres.

A “selva de pedras” em que está se tornando com o crescimento vertical, Teresina não difere muito das grandes capitais do nordeste, no tocante ao custo de vida, qualidade de serviços e infelizmente a falta de segurança.

Cento e sessenta e cinco anos! Apesar das administrações que se sucederam ao longo desses anos, segue seu caminho buscando, altaneira e despretensiosamente, ser um dos maiores centro populacional do meio norte, no tocante a medicina, educação e eventos.

Permanecem vivas em todos nós as lembranças da bucólica Verdecap de outrora. Que saudade das caminhadas admirando as árvores e os pássaros na praça da Bandeira; dos passeios de carro pela na av. Frei Serafim; da feirinha na praça Saraiva depois da missa aos domingos; da peixada do Pesqueirinho sob a luz do luar; do lanche discreto no Minhocão; do churrasco na animada Beira-Rio; das rodadas de cerveja ouvindo forró no bar Maria Fulô; do papo agradável com os amigos no bar Escândalo; da batida gostosa do Raízes ao som do melhor do rock e da MPB; das serestas na coroa do rio Poti; das festas juninas no Tabajaras; dos ensaios das escolas de samba Ziriguindum e Esquindô; do sorvete gostoso no Elefantinho; do pão de queijo do seu Cornélio;  das noitadas no Nós e Elis; dos embalos nas boates La Muralha e Super Star; e para encerrar a noitada com chave de ouro, uma deliciosa mão de vaca no Cassarolinha, acompanhado pelo violão do Silizinho.

Teresina hoje não é lembrada só pelo seu calor, pela a cajuína, pelo  troca-troca ou o cabeça-de-cuia. Ela é cantada em verso por seus poetas e reconhecida no Brasil por ter as melhores escolas do país.
 
Recortada de avenidas longas e largas, Teresina se iguala a outras capitais do nordeste como uma grande metrópole: A reurbanização da Av. Frei Serafim, a Ponte Estaiada, o sistema de ônibus integrado que além de embelezar a cidade, diminuirá o congestionamento de carros e dará mais comodidade e conforto aos usuários.

Com vários shopping muito visitados, mas por não dispor de praia e contar com um clima muito quente durante o dia, a noite é a hora mais agradável para o divertimento e lazer. Por isso dispõe de uma grande diversidade de bares, restaurantes e clubes para todos os gostos e bolsos.

E para acolher os turistas e visitantes em busca de tratamento médico, estudo e eventos dispõem de uma rede de hotéis, pousadas, escolas, faculdades, cursinhos e empresas especializadas em eventos.

 Só falta as autoridades e governantes responsáveis pela segurança somarem esforços para que os teresinenses, turistas e visitantes possam trabalhar e se divertir com mais tranquilidade.

Parabéns Teresina!   

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