terça-feira, 13 de junho de 2017

NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

        
Fonte: Google
          
          NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

          Valério Chaves – Des. inativo do TJPI
  
                            O poeta é um fingidor
                            Finge tão completamente
                            Que chega a fingir que é dor
                            A dor que deveras sente 
                               ( Fernando Pessoa)

A língua portuguesa como expressão cultural, é induvidosamente um dos monumentos literários dos mais belos da Humanidade e que mais de perto sonda o mais terno dos sentimentos humanos: o Amor.

No dia dos namorados (12 de junho) muitas especulações e declarações serão feitas sobre o amor, porém nenhuma delas poderá dizer o que esse sentimento essencialmente representa na vida de cada um de nós.

Cada pessoa, cada poeta e cada romancista tem uma definição própria e descrevem sugerindo seu entendimento conforme lhe parece mais adequado.

Carlos Drummond de Andrade, por exemplo, em seu poema “Os ombros suportam o mundo” (do livro “Sentimento do mundo”, 1940), mostra sua forma peculiar de ver o mundo e o amor quando escreveu ”que não seria o cantor de uma mulher” pois não cantaria amores que não tinha e que, quando teve, nunca os celebrou.

O amor drummondiano, como se pode perceber, é trágico e insatisfeito, não tem rumo certo ou ponto de chegada, mas é inevitável e ambivalente.

Contrariamente ao que escreveu em o “Sentimento do mundo” Drummond no poema “Não deixe o amor passar”, com sua incrível sensibilidade certamente dirigindo-se aos namorados, refere-se a esse sentimento como sendo um presente mandado por Deus, dizendo:

“Se o toque dos lábios forem intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo  mágico entre vocês. Se o primeiro e último  pensamento do seu dia for esta pessoa, se a vontade de ficar juntos chega a despertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor. Por isso, preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O Amor”.

Sigmund Freud (1856-1939), por sua vez, em suas contribuições à psicanálise do amor diz em seu texto que é fonte de alegria, mas é também premissa de nossos sofrimentos: quanto mais se ama mais se é feliz, mas quanto mais se ama mais se sofre.

Ainda de Drummond no poema” Amor Natural”, ele termina com estes versos eróticos:

           “Quantas vezes morremos um no outro
           No úmido subterrâneo da vagina
           Nesse amor mais suave do que o sono:
           A pausa dos sentidos, satisfeita,
           Então a paz se instaura
           A paz dos Deuses,
           estendidos na cama, qual estátuas
           Vestidas de suor, agradecendo
           O que a um deus acrescenta o amor terrestre”.   

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