quinta-feira, 22 de junho de 2017

Jesualdo Cavalcanti Barros e sua esposa Socorro

MEMÓRIA DOS ANCESTRAIS

Jesualdo Cavalcanti Barros
Da Academia Piauiense de Letras

O acadêmico Reginaldo Miranda, que se vem impondo à admiração e acatamento de nosso mundo intelectual graças a uma robusta e diversificada produção literária, sobretudo no ramo da pesquisa historiográfica, brinda seu crescente público com mais uma alentada obra. Trata-se de MEMÓRIA DOS ANCESTRAIS, na qual registra a genealogia da família Miranda, a que pertence,  para cujo desiderato foi cavoucar as raízes mais recônditas do processo de colonização do Piauí. Bom que encontra a mancheias, entre os desbravadores e colonizadores pioneiros dos sertões de dentro, valorosos varões no seio dessa tradicional família, a partir do século XVII, justamente quando, no rastro do boi, começaram a fincar fazendas nos vales úmidos dos rios  Gurgueia,  Itaueira, Piauí e Canindé.

A meu ver, nada mais oportuno, posto que, desde cedo, passei a compreender que as carências atávicas do Piauí decorrem grandemente da falta de conhecimento de suas origens e vocações  e, a partir da identificação do DNA de sua formação, de serem formuladas políticas de desenvolvimento capazes de romper o círculo vicioso de seu atraso trissecular.  Tenho para mim, também, que jamais se identificará efetivamente esse DNA se se deixar  de lado o estudo das grandes famílias pioneiras, suas relações de compadrio e entrecruzamento e as implicações decorrentes da ocupação da terra escorada no grande latifúndio, isto devido ao seu parcelamento em sesmarias, distribuídas entre poucos e separadas entre si por uma légua de distância. Esse enclausuramento tenderia a formar aglomerados humanos dentro das próprias fazendas, que se converteriam nas futuras vilas, daí resultando a transformação dos donos das terras em detentores do poder político e provedores exclusivos de uma legião de agregados em suas necessidades básicas. Daí a lapidar lição de Abdias Neves segundo a qual "o piauiense fizera das fazendas o seu microcosmo."   

Por tudo isso, tomo as obras de cunho  genealógico como um suculento contributo ao conhecimento daquelas realidades que não presenciamos,  mas de cujas engrenagens  sentimos os efeitos. E por entender que não chegaremos a futuro promissor algum sem o correto conhecimento de nosso passado e a pedagogia dos bons e maus  exemplos, que nos proporciona  esse conjunto de biografias, que são as genealogias, sempre vibro  com elas. Ao contrário dos que as consideram meras exibições de enaltecimento familiar, dou-lhes inexcedível valor no complexo  das boas práticas de resgate e preservação de nossa memória. Garimpando nessa seara, talvez encontremos  o fio da meada, ou seja, a nossa história.

 Ademais,  nutro o mais profundo respeito pelos seus autores, dentre os quais eu destacaria o Dr. Sebastião Martins de Araújo Costa (Dados Genealógicos da Família Rocha),  Abimael Clementino Ferreira de Carvalho (Família Coelho Rodrigues), Edgardo Pires Ferreira (A Mística do Parentesco), Renato Castelo Branco (Os Castelo Branco d'aquém e d'além mar) e Socorro Rocha Cavalcanti Barros (Os Cavalcantes do Corrente), aos quais faço questão de juntar o competente Reginaldo Miranda (Apontamentos genealógicos da família Nunes e Memória dos Ancestrais).


O comprovado e reconhecido talento desse eminente ex-presidente da Academia Piauiense de Letras em resgatar fatos e episódios, por vezes perdidos nos desvãos de nosso passado remoto, são garantias suficientes da qualidade da obra. Daí recomendar sua leitura. 

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