segunda-feira, 3 de abril de 2017

Dois sonetos de Alcenor


SILENCIOSAS SOMBRAS MELANCÓLICAS

Alcenor Candeira Filho

    ó silenciosas sombras melancólicas
     tristes almas sem rumo sem destino
     que vagam cansadas e vagarosas
     pelo vasto universo negro em ruínas!

     olhos lacrimejantes de tormenta
     procissão sinistra de miseráveis
     que não alimentam sequer um sonho
     sem o ônus de infinito sofrimento!

     diurnos e noturnos peregrinos
     sorumbáticos fantasmas viageiros
     eternamente a caminhar sozinhos!

     sombrias sombras cuja esperança única
     é esperar nuvens que em vez de chuva
     se façam fumaça no nevoeiro!


SONETO DO PERDÃO

Alcenor Candeira Filho

     para ambos a vida era colorida,
     vergel de rosas de todas as cores.
     depois tempestades e dissabores
     varreram a união apetecida.

     contra ela, outrora a rosa mais querida,
     a flor mais bela entre todas as flores,
     ele dirige injustos horrores
     gritando com a voz enfurecida.

     contudo, ela é tão dócil e ama-o tanto
     que ao cabo de cada vã  discussão
     (quando ele precisa ser perdoado, quando...)

     é quem chorosa, mergulhada em pranto
     humildemente implora-lhe perdão
     -e é o pecador quem acaba perdoando.

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