quarta-feira, 29 de março de 2017

PARNAÍBA EXPRESSA POR PERÍFRASES

Fonte: Google

PARNAÍBA EXPRESSA POR PERÍFRASES

Alcenor Candeira Filho

     Várias cidades são identificadas não só pelo nome verdadeiro mas também através de um recurso estilístico denominado “perífrase”: rodeio de palavras utilizado em lugar do nome comum ou próprio, destacando algum de seus atributos.
     A perífrase (do grego “periphasis”), também chamada de “circunlóquio”, é uma variedade de “antonomásia” – designação de uma pessoa, objeto ou entidade por outra denominação: “Poeta dos Escravos” [= Castro Alves], “Salvador” [= Jesus Cristo], Última Flor do Lácio” [= latim].
     Normalmente as construções perifrásticas são bem conhecidas e facilmente associadas às palavras substituídas. Quando não se pressupõe conhecido o termo disfarçado por seu intermédio, a perífrase se torna viciosa ou de qualidade inferior, passando a configurar a denominada “perissologia”. Exemplos de circunlóquios de boa qualidade:
     - “Cidade Maravilhosa” [= Rio de Janeiro]
     - “Cidade Eterna” [= Roma)
     - Cidade Luz [= Paris]
     - Cidade Verde” [= Teresina]
     - País do Sol Nascente” [= Japão]
     O poeta cearense Paula Ney usa uma bela perífrase no soneto FORTALEZA:

                     “A Fortaleza – a loira desposada
                     Do sol – dormita à sombra dos palmares. ”

     Manuel Bandeira e Mário de Andrade também se utilizaram
 dessa figura de pensamento para homenagear suas cidades    
natais:

    
 
     “Recife    
     Não a Veneza americana
     Não a Mauritssadt dos armadores da Índias Ocidentais
     Não o Recife dos Mascates
     Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois –
                           Recife das revoluções libertárias,
     Mas o Recife sem história nem literatura
     Recife sem mais nada
     Recife da minha infância”
                         (M. B. – RECIFE)

     “Minha Londres das neblinas finas!
     Pleno verão. Os dez milhões de rosas paulistanas.
                           (M. A. – PAISAGEM Nº 1)

     Em vários poemas sobre Parnaíba publicados no ALMANAQUE DA PARNAÍBA (edições de nºs. 61/1994 a 65/1998), na seção denominada PARNÁRIAS, colhi exemplos de expressões perifrásticas, aqui transcritas para que cada leitor eleja a que melhor retrata a cidade:

     “A invicta Parnaíba, erguendo-se radiosa,
     ...................................................................
     Abre ao sol do Brasil seu lindo relicário. ”
                        (Alarico da Cunha – O CENTENÁRIO DE PARNAÍBA)

     “E que você seja sempre
     Rainha do Igaraçu,
     Princesa do Piauí! ”
         (R. Petit – TERRA CABOCLA)

     “Deusa do Igaraçu, Princesa das Canárias,
     Tens como trono e sólio essas famosas ilhas. ”
                    (Jesus Martins – PARNAÍBA)

     “És a Princesa de Simplício Dias! ”
                  (Oliveira Neto – PARNAÍBA)

     “Foste líder na história piauiense,
     Ao Progresso e à cultura dás abrigo,
     Linda joia do nordeste brasileiro. ”
                 (Fernando Ponte – PARNAÍBA)

     “parnaibano nato declaro:
     é aqui
                  e não ali
                                  ou alhures
     o meu lugar
     a partir de 1762 Vila de São João da Parnaíba
     e de 1844 para cá e para sempre cidade da Parnaíba
     porta do delta único das Américas em mar aberto.”
                         (Alcenor Candeira Filho – O MEU LUGAR)

     “PARNAHYBA, NORTE DO BRASIL, eu conheço bem essa história.”
                           Danilo Melo – PARNAHYBA)

      “Parnahyba, Norte do Brasil” – representa a forma como a cidade era chamada, particularmente em anúncios publicados no ALMANAQUE DA PARNAÍBA, durante o apogeu de seu 
desenvolvimento econômico, na primeira metade do século XX.
     Inácio Marinheiro de Oliveira publicou em 2014 um dos mais belos livros sobre Parnaíba, com muitas fotografias e textos do autor. O título do livro encerra uma perífrase: PARNAÍBA, A PÉROLA DO LITORAL BRASILEIRO.
     “Princesa do Igaraçu” e “Rainha do Delta” são outros exemplos de construções perifrásticas muito usadas pelos parnaibanos.
     Qual a mais expressiva para você, caro leitor?        

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