terça-feira, 31 de maio de 2016

O Gato e o Rato

            
O Gato e o Rato

Valério Chaves

            Certo dia ao cair da noite, um rato dentro da selva, retornava para dormir na sua toca depois de bem-sucedida caçada, quando avistou um gato que passava por perto em busca de alimento.
            Eis que o rato, ao pressentir o iminente perigo de morte, sem pensar duas vezes, se escondeu dentro da toca, morrendo de medo.
            Cauteloso, de vez em quando botava a cabeça para fora para ver se o gato ainda estava por perto lhe esperando.
            Ocorre que o gato, faminto, não estava disposto a desistir de comer o rato e, por isso, resolveu esperar o tempo que fosse necessário.
            Depois de algumas horas, eis que o rato, certo de que o gato já tinha ido embora, colocou a cabeça para fora a fim de certificar seu pressentimento.
            No entanto, levou um temendo susto quando avistou o gato com os olhos bem abertos, miando, morto de fome. E, como um raio, vupt…voltou para o seu esconderijo.
            Cada vez que tentava sair da toca, ouvia o miado do gato e, com mais medo, voltava a se esconder.
            E assim nesse vai e volta, o tempo foi passando.
            Mais tarde, cansado de tanto miar e esperar, o gato teve uma ideia para fazer o rato sair sem ter medo de nada. O que ele queria, na verdade, era comer o rato.
            Lembrou-se, na hora, que rato não tem medo de cachorro, e pensou: em vez de miar, vou latir imitando um cachorro, e assim, pego fácil esse rato esperto.
            Sucedeu que quando o rato mais uma vez botava a cabeça para fora para ver se o gato ainda lhe esperava, e ao ouviu latido de cachorro, disse consigo, soberbo:
            - Ah! Agora posso sair sem sobressalto. Enfim, o amigo gato, talvez cansado de tanto miar sem resultado, resolveu ir embora, deixando livre o caminho.
            - O que ouço agora é somente latido de cachorro, e de cachorro eu não tenho medo.
             Em seguida, restabelecido do susto que levara, saltou para fora da toca.           –          - Pronto, estou salvo!
            Porém, eis que de repente, o gato que observava há bastante tempo, com um só golpe, abocanhou o rato, sem piedade.
            - Meu jantar desta noite está garantido – exclamou prazerosamente.
            O rato, debatendo-se, sabendo que lhe restavam poucos minutos de vida, fez uma perguntar ao gato, a título de curiosidade:
            - Amigo gato, sei que certamente vou ser devorado agora, mas por favor, me diga de onde tirou essa ideia de imitar cachorro latindo? - pois até onde sei, gato só sabe miar.
            Então o gato, prontamente, respondeu em tom comovido:
            - Amigo rato, nos dias atuais, gato que não souber falar mais de uma língua morre de fome.

Moral da história:
Na hora do aperto quem não souber usar a inteligência não obtém vantagem.
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           Valério Chaves

            Des. inativo do TJPI.

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