sexta-feira, 13 de maio de 2016

Ana Jansen, tresloucada rainha do Maranhão


Ana Jansen, tresloucada rainha do Maranhão

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

            Nestes últimos dias, não me desgrudei do noticiário sobre sessões longas e desgastantes da Câmara e do Senado, para definir a sorte da presidente Dilma. Houve até momento hilariante: deputado Waldir Maranhão, que substituiu Eduardo Cunha na presidência da Câmara, redigiu, de madrugada, uma decisão autoritária para anular 367 votos dos parlamentares... Todo mundo sabe o resultado dessa presunçosa e risível atitude, de repercussão internacional. E fui dormir, pensando nas asneiras do aloprado parlamentar maranhense. E olhe só o que sonhei.

         Ana Joaquina Jansen, descendente de aristocratas europeus, nasceu em 1797, em São Luís, Maranhão. Ainda criança, sofrera pobreza e abandono. Casou-se e enviuvou duas vezes, conseguindo acumular imensa fortuna. Comerciante de invejáveis méritos, poderosa, milionária, forte influência social e política, temida na cidade, uma lenda.

         Donana, como era chamada, faleceu em 1869, deixando inúmeros imóveis, inimigos políticos e desafetos. Perversa, exercia crueldade com os inúmeros escravos, torturando-os até à morte. Para não sujar os longos vestidos, obrigava-os a se deitar na lama para atravessar a rua.

         Ana Jansen acumulou riqueza colocando escravaos para recolher penicos de urina e cocô da cidade. Conta-se que um dos inimigos de Donana, comendador Meireles, rico comerciante, mandou fabricar centenas de belos penicos de louça na Inglaterra, com a cara da velha no fundo do vaso, para vender, quase de graça, na sua loja. Donana suportou com paciência a gozação das ruas, mandando comprar dois, três ou mais penicos de cada vez, até esgotar o produto. Costumava-se usar penicos nas residências, até há algumas décadas, hoje substituídos por banheiros internos.

         A poderosa e rica Jansen recebeu a alcunha de Rainha do Maranhão. Firmou-se como vendedora de água, pelos escravos, e não aceitava concorrências com técnicas mais avançadas. Proprietária das maiores produtoras de cana de açúcar e algodão do império, além de numerosos escravos. Habilidosa política, costurava acordos nos bastidores, patrocinou batalhas da Balaiada e de Duque de Caxias.

         Depois de falecida, muitas histórias se contam, algumas lendária, que despertam curiosidade e material para literatura, No cinema, aparece como LENDA DE ANA JANSEN, produção da Globo.


         Num país onde famosos viram reis da fantasia, fica fácil, muito fácil, homenagem ao Rei Roberto Carlos, Rei Pelé, Rei da Soja, Rei Luís Gonzaga. Até um jogador de futebos de Minas virou rei nos anos 70. Joaquina Ana Jansen, Rainha do Maranhão não faz exceção. Salvo se um presidente temporão da Câmara ultrapasse os limites da arrogância, servindo de chacota, até para aparecer em fundos de penicos de louça.     

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