quinta-feira, 29 de maio de 2014

O TRABALHO HUMANO


O TRABALHO HUMANO

Jacob Fortes

Comum é ouvir-se, durante a engorda do cotidiano brasileiro, que o trabalho humano é a atividade por meio da qual o homem, no exercício de suas forças físicas ou mentais, consegue obter recursos para prover a si e aqueles por quem é responsável. Esse entendimento simplista alude apenas ao efeito mais imediato do trabalho: a remuneração. Ainda que parcialmente verdadeiro, esse entendimento não reflete o conjunto de benefícios que o trabalho é capaz de propiciar às pessoas. Mesmo quando sob o regime filantrópico, o trabalho oferece muitas contrapartidas, nem sempre percebidas por todos os olhos. A remuneração não é o único fruto que o trabalho proporciona às pessoas, mas, principalmente, o que elas se tornam através dele. É por meio do trabalho que as pessoas se qualificam, desenvolvem os seus talentos, aperfeiçoam suas dimensões interpessoais, agregam hábitos salutares de convivência grupal, de etiqueta social, fortalecem comportamentos éticos, aprendem até mesmo a usar um talher, quando das refeições nos locais de trabalho. Enfim, as pessoas evoluem em todas as dimensões: técnica, administrativa, interpessoal, espiritual, patrimonial, ética, etc. O trabalho, como meio de satisfação pessoal, é o santo sacrifício que, além de dignificar, é responsável pela prosperidade das pessoas e de comunidades.

O valor do trabalho não se mede por sua rotulação: qualificado, semiqualificado ou não qualificado, mas pela perfeição com que é executado. Assim como o trabalho é um dever inelutável também é direito que assiste ao homem, conforme Declaração Universal dos Direitos Humanos.

À luz do cristianismo, o trabalho se funda numa dupla predestinação do homem: completar a obra criadora, valendo-se das esplêndidas potencialidades da natureza; realizar a sua própria plenitude, exercitando as suas energias físicas e espirituais.

Preceito bíblico, Gênesis, preconiza que “o homem comerá o pão com o suor do próprio rosto”. O suor, no caso, tem o pressuposto de valorizar tudo aquilo que o homem adquire ou realiza. Dessa premissa, no entanto, discrepam os corruptos; preferem comer o pão adquirido com suor alheio. Os corruptos se comportam aos moldes do Chupim: em vez de construir o seu próprio ninho, à sorrelfa põe os seus ovos nos ninhos alheios para que os filhotes sejam criados por pais adotivos. Enquanto os pais adotivos, por vezes o apoucado tico-tico, trabalham em regime extraordinário para alimentar os filhotes grandalhões, os pais biológicos esvoaçam livres e frajolas desfrutando das delícias da vida, à custa dos outros. “Quando os homens são puros, as leis são desnecessárias, quando são corruptos, as leis são inúteis.” (Benjamin Disraeli).

Que o labor do País prossiga sob o manto da retidão; consciência sã é refúgio seguro quando nela não se homizia nada que a reprove.      

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