sábado, 25 de janeiro de 2014

Disciplina, vitória nos estudos e concursos


José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Eu me dei conta da cartinha na gaveta, deixada pela minha filha, Marta Vasconcelos: “Pai, hoje, eu reconheço quanto o senhor tinha razão na sua rígida disciplina. Eu não entendia você, só lhe obedecia por temor: o senhor nos acordava cedo, tomávamos café e tínhamos de ouvir a leitura bíblica e seus chatos conselhos, depois é que íamos à escola; aos domingos, à missa. A gente só tinha direito de ir ao shopping ou a algum show, depois de ler três artigos da revista Veja e elaborar uma redação, sem olhar o texto da revista. Que sufoco!...” Marta, primeiro lugar em concurso no Maranhão, educadora, casamento e família abençoados, marido exemplar e empresário.
          Neste início de ano letivo, solicitei ao secretário de Educação, Átila Lira, que reproduzisse o artigo, “Bagunça Tóxica”, escrita pelo economista Cláudio Moura Castro, da revista Veja, 8 de janeiro, para ser debatido em assembleia de professores, alunos e  pais. Turbulência, licenciosidades, decantados constrangimentos por nonada, direitos e mais direitos vêm encurralando e atemorizando educadores, impossibilitando-os de exercer a autoridade, às vezes, vítimas de linchamento e ações judiciais, perda do emprego, desmoralização na mídia.
          Depois de publicados os resultados do ENEM, um grupo educacional encomendou pesquisa com os alunos classificados dos dez melhores colégios do Brasil. Todos, sem exceção, estudantes, além dos pais, louvaram as regras rígidas do colégio. Escolas religiosas, militares, umas públicas.  
          Na Escandinávia, Alemanha, Inglaterra e gigantes orientais impõem regras severas e punições. Resultado: uma safra de artistas, filósofos, escritores, cientistas, empresários, estadistas e políticos sérios. A palavra punição é proibida, nos projetos pedagógicos, pelo Conselho Estadual de Educação. Ex-seminaristas e estudantes, provenientes de centros católicos e evangélicos, também se destacam em todas as áreas do conhecimento. Segredo? Disciplina, punição, família presente. Minha experiência de sete anos, como professor no Colégio Diocesano, marcou-me enorme satisfação de ver, hoje, expressivos ex-alunos no alto da pirâmide social.
          Em 1968, estudantes universitários, em Paris, realizaram quebra-quebra, ergueram bandeiras, “É Proibido Proibir”, indignados com a severa disciplina escolar. Mais tarde, os baderneiros viraram professores, arrependeram-se do mau exemplo passado às novas gerações de indisciplinados. O movimento, de caráter marxista e ateu, contaminou a América Latina. Difundiu-se uma falsa psicanálise de bulling, constrangimentos, direitos individuais, não-me-toques, beligerância com as autoridades e pais. É o Brasil dos sem horários, sem entrada proibida, dos meus direitos, do “que é que tem?”.   
          Uma juíza processou a escola, porque expôs notas de seu filho no mural do colégio. E se fosse o primeiro classificado? É o ano de1968 rolando nas cabeças de uma esquerda que se impôs no país. Trouxe bons resultados sociais, porém exagerou no conceito de liberdade, ainda engasgado com o regime militar vivido.
          Cartinha, como de Marta, precisa ser escrita. Que tal os rolezinhos, enturmados e exibicionistas, produzirem a sua, distribuírem a cópias em shoppings e na escola? Difícil saber se já passaram da alfabetização.     

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