sábado, 24 de novembro de 2012

PALESTRA SOBRE OS 300 ANOS DA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO(1712/2012) E FREGUESIA DE SANTO ANTÔNIO DO SURUBIM (1715/2015)




PALESTRA SOBRE OS 300 ANOS DA IGREJA DE SANTO ANTÔNIO(1712/2012) E FREGUESIA DE SANTO ANTÔNIO DO SURUBIM (1715/2015)

Celebração Eucarística: 12.11.2012 – às 19h00
Celebrantes: Dom Eduardo Zielski – Bispo Diocesano
e Mons Paulo Mateus – Diretor da Paróquia de Santo Antônio e da Igreja Catedral

Autor: JOÃO ALVES FILHO (Presidente da Academia Campomaiorense de Artes e Letras - ACALE)

O primeiro empreendedor do VALE DO RIO LONGÁ, o português BERNARDO DE CARVALHO E AGUIAR, que adentrando a Província do Piauí, no ano de 1692, atraído por uma região de brejos, largos campos e carnaubeiras, encantou-se com os recursos naturais e com a beleza do lugar. Ali, tomou a decisão de fixar o seu primeiro curral, em solo piauiense. Era a antiga aldeia dos índios Tacarijus, abandonada e sem qualquer indício de brancos na região, que possam ter por ali habitado. Ao local deu o nome de “Cabeça do Tapuio”, hoje, município de São Miguel do Tapuio. Bernardo de Carvalho situou gados e construiu casas para seus seguidores e “Casas Fortes”, onde armazenava munições e armas para sua defesa e dos seus trabalhadores.
Com o propósito de conquistar novas terras, no ano de 1695, situa na “Confluência” dos Rios Longá e Surubim, a Fazenda “Bitorocara”, nome que presta homenagem a uma cidade de Portugal.
Acompanhado por muitos homens trabalhadores e escravos, e, para os quais, em torno do curral, construiu casas residenciais e Casa Forte para depósito de munições, pois, o vale era habitado pelos índios “alongares”, que imaginava serem de difícil relacionamento com homens brancos.
Bernardo de Carvalho e Aguiar, depois de um ano residindo na Fazenda Bitorocara, recebeu a visita do Padre Miguel de Carvalho, que instalara a Freguesia da Mocha, hoje, a histórica Oeiras, que veio a Bitorocara, com o propósito de ampliar suas atividades religiosas. Bernardo, muito dedicado à Igreja Católica, sentiu-se feliz com a visita do ilustre sacerdote e de modo especial, por serem descendentes da mesma família e do mesmo país.
No ano de 1696, Bernardo convidou os MISSIONÁRIOS DA IBIAPABA, para promoverem uma obrigação religiosa, na sua fazenda Bitorocara, no que foi prontamente atendido.

Oriunda da Vila “Pouca Aguiar”, Portugal, atraída pela liderança de Bernardo de Carvalho, veio para a Província do Piauí, a família CARVALHO, detentora de um avantajado poder econômico. Seguiram as orientações do líder e, em torno da Fazenda Bitorocara, aplicaram suas economias, em fazendas de gado. Tornaram-se grandes empresários agropastoris da região com pastagem de boa qualidade e água em abundância no rio Longá e seus afluentes.
Logo no início do século XVIII, (ano 1708), os líderes da CASA DA TORRE (Garcia d´Avila), optaram também por investir na Província do Piauí e instalaram suas primeiras fazendas na região do Vale do Longá, tendo como fazenda referência Bitorocara. A Casa da Torre instalou as fazendas “Abelheiras”, “Foge Homem” e “Marreca”. Cada fazenda com muito gado e variados outros animais.
Ano de 1696, designado por Dom Pedro II, chega ao Brasil, o fidalgo Dom Francisco da Cunha Castelo Branco, com a missão de expulsar holandeses e franceses das Províncias de Pernambuco e Maranhão. Dom Francisco, homem de confiança do Rei, além das funções militares como oficial de primeira linha de “Infantaria” exercera também o cargo de “tesoureiro real”. Homem íntegro e inteligente gozava de grande prestígio junto ao Rei de Portugal. Cumpriu com desempenho sua missão, livrando as duas províncias dos invasores que desejavam apropriarem-se delas. Não foi feliz na viagem de Olinda- PE a São Luiz-Ma. O navio em que viajava, ao enfrentar um forte temporal, com grandes ventanias, foi a pique no litoral. No naufrágio perdeu a esposa Dona Maria Eugênia de Mesquita e uma das filhas (Maria) e todos os seus pertences. Conseguiu salvar-se com as filhas Ana e Clara. Tempos depois contraiu novas núpcias com uma fina dama da sociedade maranhense, herdeira do clã Monte Serrat, de cujo consórcio nasceu uma filha de nome Maria do Monte Serrat Castelo Branco.
Ano de 1710 – Dom Francisco da Cunha Castelo Branco chega à Província do Piauí, com boas informações sobre o solo e a pastagem para criatório de gado. Tornou-se a pedra fundamental da família CASTELO BRANCO na Província, que veio a se expandir por todo o Brasil.
Dom Francisco que instalou a Fazenda Boa Esperança, na Freguesia de Santo Antônio do Surubim, construiu juntamente com seu genro, o Fidalgo português Manoel Carvalho de Almeida, uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Livramento e em seu redor formou-se a futura Vila do Livramento. Mais tarde, os seus descendentes, desejosos por uma Igreja maior, construíram no ano de 1777, a atual Igreja Matriz de José de Freitas. Foi o marco oficial para criação do “Distrito de Paz”. Em 1874 foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento. Em seguida a Vila do Livramento e a sua instalação ocorreu no dia 07 de abril de 1878. No dia 07 de julho de 1924, foi elevada à categoria de cidade, com o seu topônimo mudado para JOSÉ DE FREITAS, CONFORME Lei n° 1.186.
Bernardo de Carvalho e Aguiar, no ano de 1710, recebe visita do Padre Tomé de Carvalho, desejoso de dividir seu rebanho, construindo em Bitorocara uma Igreja, por se encontrar a região, a 600 quilômetros da Vila da Mocha. Padre Tomé de Carvalho, depois de suas justificativas e do espírito de religiosidade, demonstrado ao fazendeiro Bernardo de Carvalho e Aguiar, deste, encontrou apoio total. Bernardo sempre foi muito ligado à Igreja Católica, razão que lhe fez ser homenageado com a honraria “Hábito do Cristo”, na época, a maior comenda da Igreja Católica.
A Igreja construída, que por invocação tem o nome do Glorioso Santo Antônio de Pádua, nosso eterno padroeiro, sugestão de Bernardo de Carvalho e Aguiar, homenageando o filho de Portugal que na Pia Batismal recebeu o nome de Fernando de Bulhões.
A solenidade de inauguração da Igreja, celebração da PRIMEIRA SANTA MISSA e Instalação da Imagem de Santo Antônio, aconteceu no dia 12 de novembro do ano de 1712. Presentes muitos fazendeiros, vaqueiros, trabalhadores e escravos que participaram daquele importante ato solene religioso.
A Igreja de Santo Antônio tornou-se o centro de formação religiosa do norte da Província do Piauí; o centro econômico mais importante, por suas destacadas e bonitas fazendas; Na comunidade foram construídas as mais bonitas residências em estilo colonial, que resistem ao tempo, algumas com até 300 anos de construção ainda bem solidificadas. Em torno da Igreja, estabeleceram-se lojas, armazéns, farmácias, consultórios médicos e outros serviços úteis à vida da comunidade. Instalaram-se também os poderes executivo, judiciário e legislativo, desde os primeiros Intendentes no tempo do Império, Monarquia e República. Ainda, em torno da Igreja, os líderes da Batalha do Jenipapo, elaboraram o plano de defesa patriótica do Brasil, que culminou com o enfrentamento ao exército de Fidié, naquele 13 de março de 1823, com a Batalha do Jenipapo
No templo da Igreja de Santo Antônio, realizou-se o que se pode chamar a principal decisão política de sustentação deste município, quando naquele 08 de agosto de 1762, com a presença do Primeiro Governador da Província do Piauí, João Pereira Caldas, nomeado por Dom José I, Rei de Portugal, a comunidade foi convocada em Assembléia Geral, para aclamar a elevação da Freguesia de Santo Antônio do Surubim, para Vila de Campo Maior. Na mesma solenidade o Governador João Pereira Caldas, autorizou a construção do PELOURINHO, para servir aos ilustres fazendeiros brancos, com punições e castigos aos escravos. Foi um momento marcante e muito emocionante. Um fato histórico de registro permanente, para os anais da nossa história.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição na fazenda Buritizinho, localizada à margem esquerda do rio Marataoã, que fica no centro de seis barras de rios e riachos, a saber: rio Marataoã e dos riachos Ininga, Gentio, Riachão e riacho Santo Antônio.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição foi construída pelo rico fazendeiro Coronel Miguel de Carvalho e Aguiar, o principal morador da fazenda Buritizinho, hoje, importante município e cidade de Barras do Marataoã, em meados do século XVIII, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição. A Igreja foi a célula geradora do povoamento da comunidade, em redor da qual se formaram os primeiros sítios, currais e fazendas. Coronel Miguel de Carvalho e Aguiar, ao falecer, foi sepultado no Templo que construiu e dedicou a Nossa Senhora da Conceição, tão venerada e adorada pelos barrenses.
No ano de 1839, por motivo do crescimento da comunidade e das fazendas situadas em torno da Igreja, criou-se a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição.
No ano de 1889, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição é elevada a categoria de cidade, emancipada conforme Decreto n° 1, do dia 28 de dezembro, assinado pelo primeiro Governador da República no Piauí, Gregório Taumaturgo de Azevedo, barrense, que no Exército alcançou a alta patente de General.
Barras do Marataoã é reconhecida com os títulos de Cidade dos Governadores, dos generais e dos intelectuais.
Para completar o em torno religioso à Igreja de Santo Antônio, foi construída no ano de 1740, pelo fazendeiro Benedito José de Souza Brito, a Igreja de Nossa Senhora dos Humildes, na Fazenda dos Humildes, a dez quilômetros de onde nasce o histórico rio Longá, que tem sua nascente na “Lagoa dos Matos.” Em torno da Capela e por fé a Nossa Senhora dos Humildes, uma comunidade progressista foi se formando, com raízes familiares que resistem até os dias atuais. Foi elevada à categoria de Paróquia no ano de 1870, com a denominação “Curato dos Humildes” e “Povoado dos Humildes” em 31 de dezembro de 1870. “Vila dos Humildes” em 04 de abril de 1877. A Vila dos Humildes foi emancipada politicamente no ano de 1931. No ano seguinte, por motivos políticos volta à condição de Vila. Outra forte decisão fez voltar à condição de município no ano de 1936, em caráter definitivo, vindo a se tornar uma bela e histórica cidade, onde reina a fé e a harmonia, denominada de Alto Longá .
Outros fatos marcantes ocorreram em torno da Igreja de Santo Antônio:
*Com o Brasil Independente, no dia 25 de novembro de 1822, João José da Cunha Fidié, no Largo da Igreja, chamou os seus soldados à ORDEM. Eram aproximadamente 900 homens e, coagindo as autoridades e a comunidade, obrigou que todos jurassem fidelidade à Constituição Portuguesa;



*No dia 05 de fevereiro de 1823, no patamar da Igreja, o líder Leonardo de Carvalho Castelo Branco, reconhece a Independência do Brasil e proclama Dom Pedro Imperador. Prendeu naquela oportunidade o Padre João Manuel de Almendra, que bradava contra os anúncios de Leonardo, não concordando com aquela decisão histórica.
*Na noite do dia 12 para 13 de março de 1823, a Igreja permaneceu em “Vigília” e pela madrugada foram celebradas orações e encomendações aos mais de dois mil homens, decididos ao confronto com o exército bélico de Fidié. Eram os nacionalistas, vaqueiros, operários, escravos, trabalhadores rurais e o proletariado como um todo, dispostos a derramarem os seus sangues, morrerem ou matarem, pela manutenção da Independência do Brasil. A Batalha do Jenipapo, ocorrida aqui nesta “Terra de Santo Antônio”, é a identificação de amor e o que tem de mais patriótico pelo Brasil.
*No dia 28 de dezembro de 1889, a comunidade foi convocada e na Igreja foi lido o Decreto n°1, assinado pelo PRIMEIRO GOVERNADOR REPUBLICANO, General Gregório Taumaturgo de Azevedo, elevando a Vila de Campo Maior, à tão honrada e merecedora condição de município. A comunidade nas mais destacadas residências e fazendas mobilizaram-se com festas e fartos banquetes. Oficializava-se o nome Campo Maior, homenageando a outra Campo Maior em Portugal.
*Em 05 de julho de 1944, Padre Mateus Cortez Rufino, mandou demolir a Igreja. Momento emocionante, com lágrimas e esperança naquela histórica decisão. Justificou o Padre, que a comunidade necessitava de um Templo maior. Padre Mateus, líder incontestável, envolveu todo o povo. Ninguém se negava aos apelos do padre. O resultado, este belíssimo Templo Sagrado, que no dia 15 de agosto do ano de 1962, nas comemorações do bi-centenário de Campo Maior, foi abençoado por Dom Avelar Brandão Vilela. O exemplo da demolição, com a comunidade triste e saudosa, na inauguração, transformada com emoções e lágrimas, com os discursos empolgantes no envolvimento da fé, pronunciados por nosso vigário Mateus e de Dom Avelar Brandão Vilela, o pregador de “ORAÇÃO POR UM DIA FELIZ”.
*A Igreja de Santo Antônio que fez Campo Maior e os municípios da microrregião crescerem juntos na fé e no desenvolvimento econômico social, no dia 12 de junho de 1976, foi elevada à Catedral, com a constituição jurídica da Diocese de Campo Maior, conforme “BULA” assinada pelo Papa Paulo VI. O mesmo Santo Papa nomeou como primeiro bispo Dom Abel Alonso Nunes. Aposentado Dom Abel, o Papa João Paulo II nomeou para Diocese de Campo Maior, o nosso bispo Dom Eduardo Zielski, que tem conduzido sua administração, com competência, compreensão, sabedoria e humildade.
A exemplo de 300anos passados, a comunidade reúne-se nesta celebração EUCARÍSTICA. Naquele Templo – capela. Agora, imponente CATEDRAL. Na inauguração o celebrante Padre Tomé de Carvalho, neste aniversário de três séculos, o bispo Dom Eduardo Zielski e Mons Paulo Mateus.
Caríssima Igreja,
É a Campo Maior do passado, com seus registros históricos, promovendo esta noite encantadora.

O NOSSO MUNICÍPIO ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A PORTUGAL, PELOS LAÇOS QUE FORMAM AS NOSSAS ORIGENS. PORÉM, SOMOS DIFERENTES, PORQUE:
OS CAMPOS DAQUI SÃO MAIS BONITOS
E AS SUAS PALMEIRAS RESISTEM AS INTEMPÉRIES DO TEMPO,
SEM SEMELHANÇA, PERMANECENDO SEMPRE VERDES E ALEGRES.

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