sábado, 29 de outubro de 2011

O S F U N D A D O R E S - FENELON CASTELO BRANCO



REGINALDO MIRANDA

Nasceu Fenelon Ferreira Castelo Branco em 22 de maio de 1874, na fazenda “Veremos”, Município de Barras. Foram seus genitores Manuel Thomaz Ferreira(2.º do nome) e sua segunda esposa Maria de Jesus Leal Castelo Branco, esta filha do coronel Lívio Lopes Castelo Branco, um dos líderes insurretos da Balaiada, e Bárbara Maria de Jesus Castelo Branco, descendendo, assim, de ilustrada estirpe.
Iniciou as primeiras letras na própria fazenda, com seus familiares. Mais tarde, mudou-se para Teresina, Capital do Estado, matriculando-se no Liceu Piauiense, onde cursou os estudos Preparatórios, concluindo-os por volta de 1890. Com gosto especial pelos estudos de humanidades, seguiu para o Recife, matriculando-se na Faculdade de Direito, por onde recebeu o grau de bacharel em 1894. Nessa época, participa do movimento estudantil e da vida cultural recifense.
De regresso ao Piauí, demorou-se pouco tempo, mudando-se para o Maranhão, onde ingressa no Ministério Público, servindo como Promotor nas comarcas de Barreirinha e Rosário. Mais tarde, passa à magistratura, exercendo o cargo de Juiz de Direito nas comarcas de Picos, hoje Colinas, e Pastos Bons. Entretanto, saudoso de sua terra, depois de 14 anos, pede exoneração do Tribunal de Justiça do Maranhão e retorna ao Piauí em 1908. Nesse mesmo ano reinicia sua carreira na magistratura como Juiz Distrital de Barras, sua terra natal, onde permanece no período de 1908 a 1910. Durante esse período fixou residência na vizinha cidade de União, “onde fundou um colégio, dividindo, assim o seu tempo entre os misteres da magistratura e a educação da mocidade” (GONÇALVES, Wilson Carvalho. Fenelon Castelo Branco. In: Os Fundadores. Teresina: APL, 1997).
Ascendendo novamente ao cargo de Juiz de Direito, foi titular da comarca de Floriano, de onde passou para uma das varas da comarca de Teresina, onde trabalhou nos últimos anos de sua existência. Era um magistrado culto e de bom conceito, no dizer de seu primo Cristino Castelo Branco (Frases e Notas). Foi um dos caráteres mais nobres do seu tempo, anotou o conterrâneo barrense Wilson Carvalho Gonçalves(op. cit). De fato, foi um magistrado probo, íntegro e imparcial, que honrou a toga piauiense.
Todavia, “sentindo como o desembargador e poeta português Antônio Ferreira que não fazem mal as musas aos doutores, antes ajuda às suas letras dão, dava-se à poesia, versejando com grande facilidade. Era mesmo poeta de delicada sensibilidade, como provam várias composições esparsas em jornais e revistas, e esse livrinho de dor, saído do coração – Um ano de luto” (Cristino Castelo Branco, op. cit.).
Dedicado às musas, não aderiu ao Modernismo, demonstrando em seu estilo “resquícios do romantismo e alguns laivos parnasianos e simbolistas” (Wilson Carvalho Gonçalves, op. cit.). Cultivou os gêneros lírico, elegíaco e satírico. Sua temática é voltada predominantemente para a família, a amizade, a vida acadêmica, a terra natal, a saudade e a crítica satírica, afirmam José Carlos Cruz e Margarida Leite, que estudaram sua obra(100 Anos depois. In: GONÇALVES, Wilson Carvalho. Fenelon Castelo Branco. In: Os Fundadores. Teresina: APL, 1997). Publicou Ano de Luto (1902, em homenagem à memória de sua primeira esposa), União por Dentro(1916), Das Galerias(1917) e Nossos Imortais(), os três últimos publicados sob pseudônimos; deixou inédita a obra com o título Cronologia da Família Castelo Branco do Piauí; por fim, colaborou em vários órgãos da imprensa, sobretudo nas revistas da Academia Piauiense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico Piauiense.
Partícipe das atividades culturais no Estado, em dezembro de 1917, foi um dos fundadores da Academia Piauiense de Letras, tomando assento na Cadeira n.º 03 e sendo eleito secretário de sua primeira Mesa Diretora. Por quase oito anos, quando veio a falecer, “foi Fenelon Castelo Branco, pelo esforço e dedicação inexcedíveis, como primeiro secretário, um dos maiores animadores da Academia Piauiense, que ajudou a fundar, e que se lhe tornara verdadeira obsessão. A propósito dela, mantinha viva correspondência com homens de letras e instituições culturais de outros Estados e da capital do país. Escreveu em versos o perfil dos acadêmicos e respectivos patronos. Minuciosas e bem cuidadas as memórias históricas da instituição, feitas por ele e publicadas na revista acadêmica, que saía pontualmente, graças aos seus esforços” (CASTELO BRANCO, Cristino. Frases e Notas; Rio: 1957).
Em primeiras núpcias casou-se com sua prima Ana Fortes Castelo Branco, filha de Mariano Fortes Castelo Branco e Felisbela Sampaio Castelo Branco, de cujo consórcio não houve filhos. Com o falecimento prematuro da jovem esposa, em 07.06.1902 contraiu novas núpcias com outra prima, sendo desta feita com Lina Fortes Castelo Branco, irmã da primeira esposa, e com quem gerou cinco filhos, a saber: Ana, José, Raimundo, Domingos e Maria Dolores Fortes Castelo Branco, hoje com grande genealogia.
Fenelon Ferreira Castelo Branco, faleceu em 27 de fevereiro de 1925, na cidade de União, onde foi sepultado. Como mostra de sua poesia, transcrevemos a denominada Meu Álbum, a saber: “Do meu álbum na folha cor de rosa,/Onde o amor filial canta e fulgura,/Dedico à minha mãe, meiga e bondosa,/Todo o meu ser repleto de ternura.//E na página branca o doce emblema,/Dum sentimento que jamais se esvai,/Entre as belas estrofes de um poema/Escreverei o nome de meu pai.//Relembrarei aqui todo o martírio,/Toda a mágoa que um dia me envolveu,/Conservando na folha cor de lírio/A saudade da esposa que morreu.//Como um astro fulgurante e luminoso/Surge depois a página doirada,/Onde cintila o vulto gracioso/De quem me trouxe à vida outra alvorada.// Aos meus filhos, um bando de crianças,/Meigas e frágeis, como passarinhos,/Na folha verde, um ninho de esperanças/Lhes tecerei com beijos e carinhos.//A folha azul tão linda e recamada/De flores, as mais belas louçãs,/Representa uma abóboda estrelada!//E esse livro elegante e primoroso,/No que o meu amor todo concentro,/Guardo-o sempre num cofre precioso/-Meu próprio coração – Ei-lo lá dentro!”.

Um comentário:

  1. Sua esposa faleceu em Mirador, fazendo pesquisas sobre o município achei essa informação. Equivocadamente é posto como sendo um dos intendentes do município de Mirador em 1914, quando nem mais lá vivia. Obrigado pela publicação. Weveson Lucena

    ResponderExcluir