domingo, 30 de outubro de 2011

Muitas saídas e poucas soluções



CUNHA E SILVA FILHO

Às vezes, me pergunto como justificar tantos volumes de páginas sobre religiões foram gastos, tantas descobertas científicas foram feitas, tantos compêndios de direito, da família, cível, do trabalho, processual, constitucional, de filosofia, do trabalho, organizações dos direitos humanos, de proteção aos idosos, de proteção à infância e à juventude, aos animais, ao meio ambiente, se, na prática, pouco coisa sobra de eficaz, de constante, de útil para todos nós.
Acima das línguas, das etnias, dos costumes, das práticas sociais, dos desejos de paz universal persistem as oposições, os inimigos dos semelhantes e da humanidade, dos seres que no Planeta só vieram provavelmente para o cometimento do mal e da sua difusão.
Fazer o bem, sempre digo, é um ato dificílimo requer muita grandeza da alma, muita renúncia, muito amor ao próximo e tabmém muita incompreensão. Por isso, os santos, os limpos de espírito, os defensores da paz, da humanidade, do Terra, das crianças, dos idosos, dos fracos são poucos. Razão tem/tinha/terá Drummond, o grande bardo de Itabira “Mundo, mundo, vasto mundo/, se eu me chamasse Raimundo/, seria uma rima, não uma solução.”
Os tempos atuais não são aqueles dos melhores mundos possíveis. Muito ao contrário. Para onde olhamos, nos cercam de apreensões, de projeções, em geral, mais sombrias do que radiantes. A Terra me lembra uma “Serra das confusões.” Ou seria uma Wasteland elliotiana?
Instituições antigas, com a família, a igreja, para ficarmos só nestes dois exemplos, atravessam uma fase terrível de desapreço e de desmoralização com fundamentos que saem do próprio seio de cada uma. Como pode um igreja exigir dignidade de comportamento sexual se, no seio dela, campeia práticas torpes de sexualidade, com notícias comprovadas abertamente pela mídia internacional? Como ser pai e ao mesmo tempo ser acusado de pedofilia praticada contra o seu próprio sangue? Em que mundo estamos? Como igrejas conseguem arrancar de ignorantes anestesiados por espertalhões que aos templos entregam o que não têm, confiantes na ilusão do paraíso aqui na Terra de verem seus modestos desejos transformados em realidades que dispensariam a mediação enganosa daqueles que oferecem “migalhas” de seus minguados salários ou economias que irão se transformar em corporações de negócios milionários nacionais e transnacionais. Algumas seitas religiosas se transformaram na galinha de ovo de malabaristas engravatados.
O que falta ao meu país é sobretudo o instrumento inadiável de uma educação pública ou privada de qualidade. Alunos conscientes politicamente dos seus direitos e deveres de cidadania, de estar sempre com o pé no chão, não se deixarão embair por vendilhões e embusteiros não só no país mas no mundo todo.
O respeito às religiões é preceito constitucional, mas não quando o limite da Lei passa a ser instrumento de alienação para incautos e para uma população ignorante. Respeita-se a religião desde que ela não venda ilusões de bem-estar e de felicidade na sociedade civil. Pedir ajuda financeira dentro de limites compatíveis é uma coisa, mas praticamente “obrigar” alguém a contribuir já é uma ato ilegal.
Um país afundado na ignorância escolar é presa fácil de um lobo vestido em pele de cordeiro, ou até mesmo sem pele de cordeiro.
O alimento espiritual, as orações sinceras, o sentimento da fé em qualquer denominação religiosa séria fazem parte da unidade do ser. De resto, independente da religiosidade, tudo o que o homem faz ou pensa em benefício do seu semelhante, sem segundas intenções, merece louvores. Há ateus de alma de santo, como há “crentes” só de aparência.
Sejam, pois, bem-vindas todas as denominações religiosas contanto que despidas de interesses escusos, de exploração de ingênuos, de usos e abusos de subterfúgios solapadores dos minguados recursos da cegueira dos despossuídos da sociedade brasileira. Não confundam Deus com o vil metal do capitalismo mundial, motivo talvez maior das grandes desgraças da globalização tecnocrata, sorvedouro do que resta dos sentimentos nobres da Humanidade contemporânea.

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