segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quem está falando?


CHAGAS BOTELHO

Na confusão do trabalho sem tempo nem de ir ao banheiro, com tantas coisas a resolver. O telefone resolve tocar incessantemente, engraçado a telefonista tinha ido ao toalete, então cansado daquele som repicando no meu escutador de samba, resolvi atender.

Do outro lado do Graham Bell uma voz masculina, tipo Lombardi, bastante apressada lança a pergunta: Quem está falando? Rapaz, na hora deu uma louca vontade de falar que era a vovozinha da Chapeuzinho Vermelho.

Mas ai, respirei, contei até três e disparei.

Cidadão, aqui quem fala é o Francisco das Chagas, assim mesmo, com nome de santo. Fui batizado em homenagem ao franciscano que deixou tudo pelos os pobres. Atitude nobre dele, mas eu, particularmente, não faria tal missão.

Mas espera lá! Não sou soberbo e nem sofro de empáfia. Sou do às vezes, da inconstância, uma metamorfose ambulante, exatamente como aquela que o Raul, o maluco beleza, vociferava. Porém, vez por outra, tenho os pés fincados no chão, não pense que eu sou um bonachão ou nefelibata inflável.

E no meio do caminho não há uma pedra, mas sim alguém, como você agora, me perguntando quem esta falando. Pois é, sou eu o barrense, de pai pedreiro aposentado e de mãe dona de casa mais envaidecida da Rua Fenelon Castelo Branco. Bebi e banhei nas águas do Marataoan mais que qualquer Francês hidrofóbico.

Olha! Eu tenho alguns traumas pueris, como a desejada Calói que nunca ganhei e a menina lourinha do jardim I que eu nunca beijei. Mas tudo bem, agora sou animal vacinado, já realizeis boas pedalas, até mocinhas com papo de Nelson Rodrigues já ganhei.

Escute ai doutor, não sou nenhum niilista e sim corintiano. Acredito em algumas verdades e mentiras também. Sou extremamente ufanista da cozinha brasileira, embora não conheça outra.

Pois é mestre! Agora a minha identidade não é secreta é decifrável, transparente a qualquer voyeurista.

Costumo dizer que não sou do tamanho da minha altura, mas do tamanho do que vejo, assim como disse Fernando Pessoa, você sabe quem é ele?

E a propósito tenho quase quarenta anos, falta pouco, estou ai na luta e feliz. Sustento o otimismo e conservo a persistência, mesmo que ocorra um tombo no próximo quarteirão. Afinal, sou brahmeiro, ou melhor, brasileiro e não desisto nunca.

Mas diga ai autoridade! Vossa senhoria quer falar mesmo com quem?

Ouvi apenas uma voz dizendo bem baixinho: foi engano. E desligou subitamente.

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