sábado, 28 de maio de 2011

Cumé mermo, mermão?


JOSÉ MARIA VASCONCELOS


         
O livro de Português da autora Heloísa Ramos, “Por Uma Vida Melhor”, em que defende o português peba como inserção social, lançado, há pouco com as bênçãos do Ministério da Educação, constitui a anulação do estudo, cultivo, honra e soberania nacional do nosso idioma. Não quero afirmar que a linguagem popular tem a ver com falta de honra e soberania. O português de Luís Gonzaga é digno da literatura popular. Cada qual em seu lugar. Em toda cultura, a educação é a busca da perfeição, condicionada ao aprendizado de regras. Até a comidinha caseira torna-se palatável e elogiável, se preparada com temperos e técnicas adequadas. Feliz quem se habilita à arte do bem cozinhar, do bem escrever, falar, construir, pintar, arquitetar, prosperar, ajuizar, liderar, chefiar, enfim viver harmoniacamente em sociedade.  


        
A política de esquerda, fecundada nas brenhas urbanas da miséria e cultura apostilesca e marxista, em vez de evoluir, enquanto está no governo, vive a preservar índio na sua nudez como peça de museu e a defender ignorância como valor cultural, com embromações mixurucas para “uma vida melhor”.


       
O maior mérito dessa autora é alcançar notoriedade pela imbecilidade. E um recheio na conta bancária. Como tantos outros que, antes na lama da miséria, hoje tapeiam os cidadãos com desvios de conduta e malandragem. 


         
Transcrevo o texto do jornalista Reinaldo de Azevedo:



Falar errado para não ficar com fama de bicha!
Há pouco, dona Heloísa Ramos, a autora do livro “Por Uma Vida Melhor” — que não é de aconselhamento matrimonial, mas de língua portuguesa — concedia uma entrevista à rádio CBN. Tio Rei é ligadão, hehe… Sempre com um olho no peixe e outro no gato. Disse coisas espantosas, assustadoras mesmo. Tentando justificar as barbaridades contidas em seu livro — entre elas, afirma que o estudante deve dominar as normas culta e inculta da língua e escolher a mais adequada; logo, o erro pode ser melhor do que o acerto a depender do caso —, disse que, muitas vezes, existe um preconceito sexista contra a norma. E citou caso de estudantes que lhe teriam confessado que, caso falem corretamente nas comunidades onde moram, ficarão com fama de “homoafetivos” — ou “veados”, como se diria nessas áreas preconceituosas…


Ah, bom! Então agora entendo melhor o propósito da dona. Eu até havia escrito, com alguma ironia, que o combate de seu livro à norma culta era o correspondente lingüístico ao combate à heteronormatividade. Mas vejo agora que é o contrário! O livro “Por Uma vida Melhor”, na verdade, busca deixar mais confortáveis os jovens heterossexuais. Assim, a heterodoxia gramatical de Heloísa Ramos daria um suporte acadêmico para a heteronormatividade, e a gramática é que estaria, assim, mais próxima da coisa homoafetiva, pelo menos nas tais comunidades populares, né?


No Globo Online, Heloísa teve um chilique. Reclamou que todo mundo dá pitaco em educação. Afirmou que isso é coisa para especialistas… Ah, bom!  A autora fica macaqueando a suposta língua do povo para demonstrar o respeito que teria pela cultura e pela verdade populares, mas, quando contestada, sobe na torre de marfim e grita: “Não me toquem! Eu sou especialista!”.


Conhece, professora Heloísa, a expressão bem popular “Uma Ova!”? Então… Uma ova! Vai ter de se explicar, sim! Eu continuo esperando que a valente me diga em que situação o erro é mais adequado do que o acerto. Seu livro sustenta essa possibilidade. Segundo a entrevista que ela concedeu à CBN, só há uma: cumpre falar errado para não ficar com fama de bicha!


Não é impressionante que a gente tenha de debater uma questão como essa no Brasil?

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