quinta-feira, 26 de agosto de 2010

POEMITOS DA PARNAÍBA

Texto: Elmar Carvalho
Charge: Gervásio Castro


O “milionário” Paulo Afonso
coiceou com um seco não
o boêmio e compositor Zé Bispo,
quando este lhe foi dar
um filho como afilhado.
Bispo, numa música em que dizia
que o Deus do “milionário” era
o mesmo seu e que o ouro
dele não o levaria ao céu,
sua branda mágoa de protesto
nas placas de bronze do tempo lavrou.
O ouro de Paulo Afonso
como o orgulho e a soberba
pelo ralo da vida se foi.
A música de Zé Bispo
cantando na boca do povo
é folha verde/viva que a voragem
do vento do tempo não levou.

3 comentários:

  1. Ao ler este poema, lembrei-me do seu livro Poemitos da Parnaíba, que me fez lembrar do primeiro livro de poemas que li "POETAS CONTEMPORÂNEOS DA OIC" que foi ganhado por meu pai de sua prima poetisa Socorro Santana que, por sua vez, teve um poema nele publicado. Como lhe tenho como um amante da Literatura não vejo problema em transcrever tal poema aqui.

    CENA DE RUA

    FAZ PENA VER-SE QUASE TODO DIA
    DE PERNAS ESTENDIDAS NA CALÇADA,
    O MENDIGO, EXPOSTO À ZOMBARIA
    DE QUEM PASSA CORRENDO INDIFERENTE,
    A TÉTRICA FIGURA ALÍ PARADA!

    A UNS ESTENDE A MÃO PEDINDO
    UMA ESMOLA PELO AMOR DE DEUS!
    E A SÚPLICA VAZIA NÃO OUVIDA
    É CONFUNDIDA NOS LAMENTOS SEUS!

    EXPONDO AQUELAS PERNAS DEFORMADAS
    ENORMES AO PODER DO GIGANTISMO
    NA ESPERANÇA QUE COMOVA ALGUÉM!
    MAS COMO SEMPRE O INDIFERENTISMO,
    O GERME DO MAIS TORPE EGOÍSMO,
    NÃO COMOVE NINGUÉM!

    E ELE FICA ASSIM: AS PERNAS ESTENDIDAS,
    ENORMES DEFORMADAS, ESQUECIDAS,
    DIAS APÓS DIAS NA ESPERANÇA
    DA MISÉRIA MOEDA QUE ALGUÉM LANÇA!

    COMÉRCIO VIL DE NOJO E DE MISÉRIA!
    MACABRA E HEDIONDA EXPOSIÇÃO
    QUE ZOMBA DOS PODERES DA CIÊNCIA
    NA EMINÊNCIA DA DEFORMAÇÃO,
    E FAZ UM SER HUMANO CONFORMAR-SE
    A FAZER DISSO O TRISTE GANHA-PÃO!


    MARIA DO SOCORRO S. RAMOS




    Não sei se o que vou pedir é ético, entretanto, se o julgar como sendo, por favor, me diga a qual estilo literário pertence esse poema e por quê.
    Por gentileza, perdoe a minha ignorância, mas esse tipo de análise ainda é um mistério pra mim.

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  2. Caro Nelson,
    Não sou propriamente um crítico literário, mas apenas um fazedor de versos e de outros artefatos literários, embora, eventualmente, tenha feito algumas considerações críticas ao longo de meu trajeto literário. De qualquer sorte, não é possível, através de um único poema, dizer-se muito sobre o estilo de um escritor. Contudo, considerando-se a biografia da poetisa, a época e o meio em que viveu e ainda conhecendo alguns outros textos esparsos, creio que ela tenha sofrido influências de escolas do passado, mormente do romantismo, mas também do parnasianismo e talvez um pouco do simbolismo, mas sem o rigorismo formal da métrica e da rima. No poema que você transcreveu, vê-se estrofes de quatro, cinco e seis versos, assim como a utilização de rimas,embora sem o rigor do parnasianismo. A temática, conquanto realista, apela para a caridade e para a solidariedade, o que poderia ser um vezo do subjetivismo romântico, e não do realismo/parnasianismo ou do modernismo.Portanto, no poema em tela, creio que ela se mostra mais comprometida com as velhas escolas literárias,do que com o modernismo, e nesse entendimento não vai nenhuma crítica.

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  3. Obrigado por fugir do seu padrão de postagens em atendimento a uma solicitação deste leigo em Literatura.

    Grato,
    Nelson Rios

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