domingo, 15 de agosto de 2010

FUGA AO PASSADO

ELMAR CARVALHO


Uma da tarde. O apito da Moraes
estridula no ar. Emocionado
sinto como se o tempo houvesse parado
e eu me encontrasse ainda
preso às âncoras do passado.

O apito me deixa comovido
e eu não sou mais eu
mas alguém que já fui e que
no esquecimento se deixa escondido.

E aquele tempo perdido
inverte a rota da ampulheta
e retorna intacto como se jamais
deixasse de ter existido.

E o tempo se embaralha
sem passado, sem futuro e sem presente
e as recordações comovem tanto
que a própria alma de tanto
sentir não se sente
e evola para um tempo
sepulto pela areia da ampulheta.

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