terça-feira, 29 de junho de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO

Elmar Carvalho


Mesa de honra, vendo-se o deputado Themistocles Filho, desembargador Tomaz Gomes Campêlo e o autor Paulo Ferreira




30 de junho

TRÊS IRMÃOS EM TRÊS TEMPOS

Recebi o livro “A Medicina, a Família e as Letras”, da autoria de Paulo Ferreira, de caráter autobiográfico. Nele, o autor conta a sua vida, desde o nascimento até a sua carreira vitoriosa de médico e de empresário do setor de saúde. Conheci o Paulo e seus irmãos Clemilton e Gilberto Ferreira, desde nossa adolescência e juventude. Com eles mantive amizade e respeito recíprocos. Gostava de ouvir a gargalhada reverberante e altissonante do Clemilton, quando via ou ouvia alguma coisa engraçada. Certa feita, ao chegar a uma bodega, cumprimentei os presentes, e dirigindo-me a ele disse que ele era um gigante, um verdadeiro cavalo batizado. Ele, no mesmo instante, respondeu-me que não, que apenas batizava os cavalos. Todos riram da resposta, e o Clemilton mais que todos. Não perdi o rebolado, como se diz, e retruquei-lhe: - “Então corre, vai buscar água, e batiza-te primeiro a ti mesmo, pois tu és o mais cavalo de nós”. Todos acharam graça do meu repente, inclusive o Clemilton, que disse eu não ter mesmo jeito, e querer ganhar sempre. Ele, que nessa época, começo dos anos 70, fazia o curso de Técnica Agropecuária no famoso Colégio Agrícola de Teresina, foi abordado por um vizinho para fazer o diagnóstico de uma vaca que havia morrido. Respondeu que não poderia fazer tal coisa, porquanto se o animal estava morto só poderia fazer a necrópsia, e soltou o estardalhaço de sua vibrante gargalhada. Quando foi trabalhar como técnico em agropecuária ganhou fama logo no início de sua carreira. Havia uma rês magérrima, quase à morte, pois se recusava a comer. Outros técnicos e veterinários examinaram a vaca e não conseguiram descobrir a doença. O nosso bravo Clemilton também foi chamado para solucionar o problema. Logo ao chegar, pediu que atravessassem um pau na boca do animal. Meteu-lhe a mão garganta a dentro, e remexeu-a, atentamente e de forma circunspecta, de um lado para outro. Descobriu um caroço de mucunã, mas o escondeu na mão, para valorizar o seu trabalho. Logo que pode, guardou o caroço no bolso da calça, de forma discreta, de modo que ninguém visse. Depois, aviou uma receita para desinflamar a garganta bovina. E esperou o resultado. Depressa soube que o animal voltara a comer e que se encontrava completamente restabelecido. Ganhou fama de ser o maior “veterinário” da região e de ser quase milagroso. O Gilberto é mais sisudo, embora também tenha senso de humor. De boa voz, rítmica entonação e de bom poder argumentativo, tornou-se respeitado advogado criminalista. Foi atuante e dinâmico líder estudantil, sendo um dos fundadores da AUCAM (Associação dos Universitários de Campo Maior). Presidiu a Casa do Estudante Pobre do Piauí, situada na Rua Rui Barbosa, em Teresina. Em sua gestão foi inaugurado o anexo, que fica por detrás do bloco antigo. Professor de História, certamente essa disciplina lhe serve para enriquecer e ilustrar a sua retórica forense. Foi, durante algum tempo, uma das lideranças proeminentes do PDT. Quanto ao Paulo, veio para Teresina, onde cursou o 2º Grau e se formou em Medicina. Graças a seu esforço e tino administrativo e empresarial, construiu, aos poucos, mas sempre de forma segura, sem endividamentos temerários, o Hospital das Clínicas de Teresina. Dentro de seu planejamento e possibilidades, foi expandindo a área construída, com novos anexos e melhoramentos, e hoje pode ser considerado um dos grandes empreendedores de Teresina. Já se prepara para construir um shopping na zona norte da capital, mais precisamente num grande terreno que possui na frente do HCT. Não duvido que esse empreendedor logo dará a Teresina um novo centro comercial; coisa, aliás, de que a capital já está precisando. Não deixou, contudo, de ser aquele rapaz simples, afetivo, amigo dos amigos, de sorriso largo e franco, além de ser o médico humanitário e vocacionado que é.

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