sábado, 20 de março de 2010

A MANGUDA DE FLORES


Elmar Carvalho

Recebi, enviado pela escritora Amparo Coelho, o livro A Manguda de Flores, da autoria de seu irmão Arimatea Coelho. Ambos pertencem à Academia Arariense-Vitoriense de Letras, sendo que a primeira também pertence à Academia Parnaibana de Letras, em cujo município foi promotora de Justiça por vários anos. A capa do livro é a reprodução de uma bela xilogravura de Airton Marinho. Na ficha catalográfica a obra está classificada como sendo de contos. E de fato é composta de várias narrativas. Na orelha do livro constam pequenos textos, da lavra de Leila Jalul, Ivette Gomes Moreira, Fontes Ibiapina, Antero Cardoso Filho e Arlete Nogueira da Cruz, em que enaltecem as qualidades de Arimatea, como contista e como poeta. Amparo Coelho em sua notável e elucidativa apresentação afirma: “... Arimatea Coelho nos surpreende com A Manguda de Flores, revelando-se contista, seguro de si e da sua arte. Narrando com simplicidade e elegância, ele recria, nesta obra, com imaginação própria e força de expressão artística, ambientes e personagens que povoaram a nossa imaginação na infância”. Nos dias de hoje, em que muitos se intrometem na difícil e árdua e ardilosa tarefa de escritor, pululam por aí os contadores de casos ou “causos”, sem nenhum traquejo de linguagem, sem nenhuma habilidade na condução da narrativa, sem nenhum preparo em armar o necessário suspense, que deixa o leitor preso ao texto, até o desenlace da trama. Contar casos, alguns engraçados, outros pitorescos, outros sangrentos, é fácil: basta saber escrever. Contudo, escrever um verdadeiro conto requer engenho e arte, como diria o velho e sempre novo Camões. Arimatea Coelho não é um mero contador de “causos”, uma vez que tem o domínio da linguagem, e sabe construir com elegância os períodos, seja em frases curtas, seja em frases mais longas, mais elaboradas. Tem correção gramatical, sem gramatiquice. Mesmo quando seus textos são extraídos da realidade ou da tradição, nota-se que ele sabe urdir a trama, sabe atrair a atenção do leitor com pormenores e descrições atraentes, armando o suspense, para que o leitor siga a narrativa, como um cativo, até o epílogo. Seus textos, além de terem uma narrativa de alto nível, estão vertidos na melhor forma da linguagem.

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