sábado, 23 de janeiro de 2010

DIÁRIO INCONTÍNUO



17 de janeiro de 2010

Do barzinho onde eu tomava umas cervejas, vi o velho boêmio Jurandir em sua casa defronte. Em companhia de um outro boêmio, fui cumprimentá-lo, aproveitando o ensejo para fazer um “discurso relâmpago” em sua homenagem. O velho fauno, até os oitenta anos, bebeu bravamente, e se gabava de ainda abater umas “lebres”, como dizia um colunista federal das fofocas. Após as oitenta primaveras, ficou bastante decrépito, e a saúde já não lhe permitia as libações etílicas, como costumava dizer o popular Pacamão, que serviu de título a um livro do romancista Assis Brasil. Sua filha, parece ter fechado o portão, gradeado como se fora uma gaiola, porque de minha mesa eu observava o Jurandir a voltear no pátio, de um lado para outro, como um pássaro engaiolado ou como um velho leão, já sem juba, sem garras e sem dentes, saudoso de sua liberdade, nostálgico dos tempos em que percorria as savanas da África, como um legítimo Rei dos Animais. Certamente, o velho boêmio estava a recordar os áureos tempo das boas talagadas de calibrina e a época em que desbravava virilmente as curvas de um corpo feminino.

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